V Simpósio de História do Maranhão Oitocentista:
Escravidão e Diáspora Africana no Século XIX
Simpósios Temáticos
1. Mulheres na diáspora: relações de gênero e representações do feminino entre África e Brasil. Tatiana Raquel Reis Silva (UEMA) e Marina Santos Pereira (UEMA)
Resumo: O presente ST pretende criar espaços de debates sobre as múltiplas experiências do feminino em África e no contexto da diáspora. No Brasil, desde a escravidão até os dias atuais as mulheres carregam representações que foram forjadas ao longo da passagem pelo atlântico e, que imprimem valores assim como demarcam lugares. Tanto do lado de cá quanto do lado de lá do atlântico as mulheres estão se organizando no intuito de buscar formas outras de representação que sejam de pensadas a partir das suas próprias experiências. Neste sentido, esperamos poder dialogar com trabalhos que problematizem as relações de gênero, movimentos de mulheres e luta por direitos, processos de reconfiguração das identidades, apropriações e sexualização dos corpos das mulheres negras, estratégias de resistência e empoderamento feminino.
2. Impressos no Brasil do Oitocentos. Marcelo Cheche Galves (UEMA) / Roni César Andrade de Araújo (UFMA)
Resumo: Esse simpósio se insere no trabalho enfrentado por pesquisadores nos últimos anos no intuito de recuperar registros, e oferecer interpretações, sobre uma sociedade letrada, já na transição do mundo luso-brasileiro nas primeiras décadas do XIX. Distantes de uma história por vezes acusada de “elitista”, interessa-nos a difusão da palavra escrita (e ouvida) nos debates políticos, nas práticas comerciais – incluindo a comercialização dos próprios impressos, no âmbito familiar e na difusão de uma literatura oscilante entre o livro e o folhetim. Assim, priorizaremos trabalhos voltados para a análise de jornais e folhetos, círculos literários, comércio de livros, trajetória de publicistas e outras temáticas relacionadas à produção, posse, comércio e circulação de impressos ao longo do Oitocentos.
3. O espaço da política nos estudos sobre o Oitocentos. Regina Helena Martins de Faria (UFMA)
Resumo: Até o início do século XX, a produção historiográfica era basicamente de história política. Sob influência da chamada Escola dos Annales e das abordagens marxistas, as temáticas políticas perderam importância, tornaram-se (mal)ditas. Porém, nas últimas décadas, elas voltaram a despertar o interesse dos historiadores e vive-se o que foi denominado “retorno da história política”. As velhas temáticas ressurgiram, trabalhadas com novos questionamentos, novas fontes e abordagens. E novas temáticas são construídas num movimento incessante, que se beneficia do diálogo interdisciplinar que a história trava com a Filosofia, a Ciência Política, a Sociologia, a Antropologia, o Direito e outros saberes. Nesse contexto, este seminário temático se propõe ser um espaço de diálogo para historiadores e estudiosos de outras áreas das ciências humanas e sociais, que tenham pesquisas acerca de temas e abordagens relacionadas ao mundo da política nos Oitocentos, a saber: Estado, micro poderes, jogos políticos, cultura política e ideias políticas.
4. História e Literatura. Ana Maria Koch (UFPI) / Régia Agostinho da Silva (UFMA)
Resumo: Este simpósio tem por objetivo reunir estudos sobre as relações entre História e Literatura no Brasil do século XIX a partir de como esses campos produzem categorias analíticas para a compreensão do Brasil naquela centúria, pensando questões como raça, meio, identidade e desempenho de políticas públicas feitas por literatos.
5. História, sertão e memória. Alan Kardec Gomes Pachêco Filho (UEMA)
Resumo: Este simpósio pretende reunir estudos sobre o sertão brasileiro no século XIX, a partir de concepções como cultura política, memória sertaneja e compreensão do papel dos rios na formação de uma rede de comércio regional e nacional.
6. Escravidão e sociedade nos Oitocentos: experiências escravas em meio ao mundo escravista. Lucilene Reginaldo (UNICAMP) / Reinaldo Barroso Jr. (UESPI)
Resumo: A vida dos escravos, suas biografias, trajetórias, condutas, relações, são mais difíceis de encontrar, projetar e refazer, diferente de seus senhores que construíram inventários, registros de vida e outros documentos oficiais. Os escravos são mais difíceis de encontrar enquanto pessoas, enquanto sujeitos com histórias de vida ou outro qualquer registro definido de sua existência. Eles eram entendidos como elementos de uma indústria produtiva mercantilista, reproduziam-se com existência jurídica e civil arbitrária a sua existência social. È necessário, assim, visualizar não somente o escravo, mas a estrutura escravista. Portanto, o objetivo desse simpósio temático é perceber os diversos nuances da existência escrava em meio à sociedade oitocentista.
7. As instituições escolares no Maranhão oitocentista. César Augusto Castro (UFMA)
Resumo: Os estudos históricos sobre as instituições escolares têm se constituído num campo relevante para a História da Educação brasileira e maranhense. Compreender os processos de constituição da escola e os seus diferentes materiais, sujeitos e conteúdos curriculares contribui para entendermos o lugar e as lutas para organização do espaços escolares destinados a atender públicos vários como o infantil, o adolescente e o feminino. Esse simpósio temático objetiva reunir trabalhos que tenham como foco a história da escola, seus artefatos de leitura e escrita, seus agentes e ideias em circulação nos oitocentos.
8. Festas, rituais e comemorações. Julia Constança Pereira Camêlo (UEMA) / Antonio Evaldo Almeida Barros (UFMA)
Resumo: Os repertórios e organizações festivos, ritualísticos e comemorativos podem constituir ocasião significativa para se perceber especificidades dos processos sociais em diferentes tempos e espaços, sendo capazes de traduzir experiências, expectativas e imagens sociais daqueles que os realizam, apresentando-se como objeto privilegiado das Ciências Humanas e, cada vez mais, da Historiografia, para se estudar e reconstituir os movimentos de uma determinada coletividade, população, região, nação. Através da análise desses repertórios pode-se perguntar sobre como as pessoas interpretam o mundo, conferem-lhe significado e lhe influem emoção, afinal, como sugeriria o historiador Robert Darnton, as pessoas pensam com coisas ou com qualquer material que sua cultura lhes ponha à disposição, como histórias e cerimônias. Portanto, este simpósio, no qual se pretende continuar reflexões sobre o festivo anteriormente realizadas – a exemplo da Mesa Redonda “Festas, Rituais e Identidades” (Encontro Humanístico, UFMA, 2009), consiste num espaço aberto para análises acerca desses fenômenos plurais, que provocam reações variadas dependendo dos contextos e circunstâncias nos quais ocorrem, manifestando-se como ocasião particular para se reconstituir experiências de diferentes e desiguais sujeitos e para se perceber, de maneira particular, visões de mundo e práticas dos setores, grupos e sociedades que os realizam.
9. Religião, Religiosidade e Poder no Brasil oitocentista. Ítalo Domingos Santirocchi (UFMA) / Joelma Santos da Silva (PPGCSoc/UFMA)
Resumo: O ST se propõe a discutir pesquisas sobre religião, religiosidades e poder no Brasil oitocentista. Nesse período desenvolveu-se uma intricada trama de relações entre várias expressões religiosas presentes no território nacional, poderes institucionalizados, partidos políticos e demais associações. A Igreja Católica, considerada a religião oficial até a década de 1890, era múltipla em suas práticas religiosas e possuía interpretações diferentes sobre suas relações com o poder estatal e com as demais religiões, ligadas a tradições europeias, africanas, indígenas e orientais. As relações entre as diversas religiões e entre elas e o Estado nem sempre foram pacíficas, a exemplo da Revolta do Malês (islâmica) e da Revolta dos Muckers (protestante).
10. Quilombos, aquilombamentos e ocupação territorial no XIX. Viviane de Oliveira Barbosa (UFMA) / Valdinea de Jesus Sacramento (POSAFRO/UFBA)
Resumo: Este simpósio agregará pesquisas e trabalhos que reflitam processos de aquilombamentos no Brasil e, em particular no Maranhão. Serão bem-vindos trabalhos que retratem os quilombos e seus agentes em suas múltiplas experiências, quais sejam, nas redefinições das relações escravistas ou na constituição de um campesinato negro.
11. Famílias escravas nos Oitocentos. Dra. Isabel Cristina Ferreira dos Reis (UFRB – PPGHIS / UNEB)
Resumo: Este Simpósio Temático tem como objetivo abordar as experiências de vida familiar de africanos e afro-descendentes no contexto do sistema escravista brasileiro do século XIX, considerando diferentes aspectos: famílias constituídas de forma consensual ou legitimadas pela igreja católica, nuclear ou parcial; problematizar acerca da recriação dos padrões de vida familiar negra a partir do parentesco simbólico ou ritual (consolidados nas famílias-de-santo, nas irmandades católicas negras, nas relações de compadrio, parentesco étnico, no malungu, etc.); investigar a densidade da experiência cultural africana na formação e dinâmica da família negra, ou seja, buscar sentidos africanos nas relações parentais instituídas na sociedade escravista brasileira; debater a forma como as mudanças sociais, econômicas e políticas dos oitocentos influíram no cotidiano, na estrutura, dinâmica, esperanças e desesperanças das famílias negras; discutir detalhes que nos levam a romper com o circuito da escravidão e nos levem aos laços parentais entre escravizados, gente liberta e livre, sobretudo após o sancionamento da Lei n° 2.040 de 28 de setembro de 1871 (Lei do Ventre Livre). Abordagens utilizando fontes qualitativas, demográficas, literárias, iconográficas, orais, entre outras, serão muito bem vindas para nos ajudar a melhor conhecer a experiência de vida familiar negra no tempo da escravidão e, sobretudo, compreender os sentidos que os africanos e seus descendentes conferiam às suas próprias experiências.
12. História e Ensino de Cultura Africana e Afrobrasileira em sala de aula. Flávio Gonçalves dos Santos (UESC)
Resumo: Este simpósio contemplará pesquisas e experiências que retratem as implicações da lei 10.639/2003 que torna obrigatório o Ensino e Cultura africana e afrobrasileira em sala de aula, seja na redefinição dos currículos escolares ou nas práticas sociais escolares na educação básica.